Atendi o telefone, era você. Dizendo que passou aqui pela frente esses dias e deu uma vontade danada de entrar, só que nós dois sabíamos que você não era visita há muito tempo. Na verdade, nem sei como teve coragem de ligar, pra começo de conversa, porque o passado deixou feridas que ainda estão em processo de cura no meu coração. Na ligação, você ainda disse que o mundo não tinha mais graça sem mim do seu lado, aquele papo bobo de ex-namorado que muitos ainda acham que cola.. Só que comigo, não mais. Dai pediu pra eu ouvir uma música, que nem me lembro mais qual era, mas a tradução falava algo como "me perdoe meu amor, eu não sabia o que havia feito, você ainda é minha vida", indireta traduzida com sucesso.
Achei incrível você puxar milhares de assuntos aleatórios comigo, achar que estava no direito de me manter presa ao telefone quando na verdade eu queria esquecer seu número, e você sabia disso.
Eu, não querendo ser mal-educada, fingi que estava dando corda pros seus assuntos sem fundamento, quando, na verdade, estava pensando no que iria jantar, batata frita ou cozida? Arroz com feijão ou puro?
Ah, você ainda estava na linha, desculpe, aprendi com você isso de não prestar atenção enquanto alguém fala. Não me culpe, eu não quero mais você. Desliguei.
A verdade é que eu te amei demais, e você não ligou pra isso quando tinha chance, então faça um favor, continue não ligando, e não ligue mais, literalmente. Eu não quero ter que ficar te aguentando, eu não quero ter que dizer outra vez que eu não sinto nada por você, então, não ligue pra mim, porque eu não ligo mais pra você.
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